domingo, 23 de outubro de 2011

Releituras - Vamos perder tempo (2011 - 2013)

Pouco mais um ano atrás, escrevi o texto chamado “Vamos perder tempo”. Falava sobre as pessoas que passaram pela minha vida e o que representaram para mim em determinado momento. Resolvi fazer agora uma releitura, colocando meu ponto de vista atual acerca desses amores do passado. Não é assim, uma Brastemp, mas afinal de contas, é só a minha humilde opinião. 



Nada como mexer nas velharias... 
Acabei encontrando uma música composta por mim, que não é, assim, uma obra de arte, mas me traz lembranças muito boas... e o simples fato de ter sido gravada por uma "actual band", faz de mim uma pessoa muito orgulhosa.
Com tantos motivos para me sentir feliz, é claro que passa pela minha cabeça o motivo para ainda sentir com se algo continuasse fora do lugar. 
Tudo que vejo, tudo que diz respeito ao meu passado me enche de alegria e nostalgia. Tanta coisa mudou... tantas pessoas se afastaram, outras tantas se foram para sempre... Mas e eu? Como saber o que eu fui aos olhos deles todos? E, o mais importante: por que me importo?
AE - Eu continuo me importando, sim. Não com todos, obviamente. Até pensei ter esquecido alguns, só que não. Memória de peixe só pros momentos ruins, ainda.
E sim, eu espero um dia saber o que signifiquei aos olhos deles. Ilusão?
Vai saber.

É difícil admitir que eles significaram mais para mim do que eu para eles. Não todos, mas certamente algumas pessoas ficarão no posto delas dentro do meu coração enquanto este ainda bater.
AE - Parafraseando Raul, "que o mel é doce é coisa de que me nego a afirmar, mas que "parece doce" eu afirmo plenamente. 

Melancólico, né? Todos temos nossos vícios. 
Muito prazer, meu nome é Annie, esse é meu blog. E eu sou viciada em melancolia. E outras drogas.

Sou, sim, viciada em meu mundo, gosto de cada pedacinho dele, e, principalmente, da ilusão que ele me traz. Posso não ter feito as melhores escolhas, mas consigo lidar com isso sem querer me matar por não ter obtido sucesso em tudo que me propus a fazer. E mesmo quando me machuquei, consegui encontrar nisso um motivo para que a lembrança acabasse sendo boa.

Lembro que em 2003, tudo que eu queria do ano era poder encontrar o Rodrigo. A internet não era como hoje... Mas ela me bastou para chegar ao meu destino e eu tive o prazer de estar com o homem por quem era perdidamente apaixonada, mesmo em condições extremamente desfavoráveis.

Eu e Rodrigo em algum lugar de Curitiba, 2003







Era como a vida costumava ser: uma boa música, como "Joey", do Concrete Blonde, e uma lembrança para sempre. Este foi o Rodrigo... que hoje deve estar muito bem casado, morando no Japão outra vez. E não temos mais contato. Mas um dia, eu fui a "Solzinho" dele. E ele, por sua vez, foi o meu mundo. O lugar onde eu queria e precisava estar. 

AE - Tantas pessoas especiais cruzaram meu caminho, me proporcionaram momentos inesquecíveis, mas não há como comparar com o que eu senti quando vi o Rodrigo pela primeira (e única) vez. Pernas trêmulas, coração acelerado, mãos geladas. E a voz... Que quase sumiu. Eu era só alegria diante dos olhos rasgados com os quais tanto havia sonhado.
Mas, no mundo real, você não pode viver de situações perfeitas. Você pode, sim, ter o melhor delas; porém, terá sempre aquela coisinha que poderia não ter acontecido. E foi assim comigo. Passei tão mal, quase não conseguia ficar perto dele, precisei ir várias vezes ao banheiro, suava frio. Mas estava radiantemente feliz. Como nunca antes, ouso dizer. Só o Rodrigo causava esse efeito em mim, essa sensação de estar flutuando. Não só por ser completamente apaixonada por ele, mas também porque, além disso, éramos amigos, confidentes. Sabíamos o que rolava com o outro, gostávamos das mesmas coisas, éramos compatíveis em praticamente tudo. Melhores amigos pra ele, um grande amor pra mim.
Assim, quando nosso contato foi cortado, meu mundinho ficou vazio, cinza, sem graça. E demorei meses para me recuperar. Longos meses...
Com o tempo eu fui deixando as lembranças de lado, coloquei as fotos no baú, junto dos diários e do pequeno pedaço de papel no qual ele escreveu seu endereço meio às pressas... Só não tinha como escapar das músicas. Ano após ano, seu nome era mencionado segundos depois de começar alguma música que pudéssemos ter ouvido juntos na época. Concrete Blonde, Scorpions, Rita Coolidge, Skid Row, Steelheart, entre outras. Não imaginava, no entanto, que depois de quase dez anos sem absolutamente nenhum contato, o Rodrigo pudesse voltar (para o meu mundinho). E que essa volta dele fosse mexer tanto comigo.


De lá pra cá, sinceramente, não houve tantas mudanças assim.
Eu gostei demais desta minha primeira experiencia e talvez isso tenha me marcado de tal forma, que em alguma parte do meu cérebro canhoto ficou estabelecido que, daquele momento em diante, relacionamentos teriam que começar a muito quilômetros de distância. Assim, em minha doce ilusão, eu teria tempo para conhecer melhor a alma do rosto lindo do lado de lá.

Quando o Pedro surgiu, meio que foi a mesma coisa. A diferença é que ele estava bem mais perto. 
Uma situação inusitada, e anos depois, ainda tínhamos qualquer coisa prendendo um ao outro, até que entendemos que seria melhor não nos falarmos mais. E pode ser que tenha sido a melhor solução para uma relação tumultuada como foi a nossa. 
AE - Houve uma última tentativa. E a casa caiu quando descobrimos que meu amor eterno havia terminado e ele finalmente passou de príncipe encantado a sapo, bem ali, no meio da minha sala de TV, depois de uma noite relativamente frustrante. Imagine-se mirando a pessoa enquanto ela diz:
"O que aconteceu aqui? Onde você esteve até agora? Cadê você? Não te reconheço mais... Aliás, agora está claro, você não é mais apaixonada por mim."
Fato. Nosso ciclo se encerrou ali. Provei depois de quase três anos que amores podem morrer.


Por causa do Pedro, no entanto, eu deixei o Mark de lado e disso me arrependo amargamente.
E o Mark também foi através da internet, como os dois anteriores.
Só que o Mark ainda está em minha vida, de alguma forma. Mas, diferente dos outros todos, Mark quis que nosso momento de vida real fosse o mais próximo da perfeição possível e acho que ele conseguiu o que queria.

Vista do Terraço Itália - foto do Mark, 2008.


E a foto tirada por ele de dentro do badaladíssimo restaurante paulistano "Terraço Itália" não me deixa mentir. Foi uma noite inesquecível, quase de conto de fadas. E vivi o momento certa de que poderia não estar aqui no dia seguinte para contar... ou seja: 100% entregue.
Nos rendeu bons comentários pelos anos que se seguiram. E, ainda hoje, quando tocamos no assunto, é como se de alguma forma conseguíssemos reviver o passado. Nossa música? "Chasing Cars", do grupo Snow Patrol. 


Essa música é nossa, totalmente nossa.  
AE - E o Mark ficou mesmo em minha vida. Costumo brincar que, se um dia resolver ser mãe novamente, ele tem que ser o pai, por uma questão de gene.
Conheço o Mark há seis anos, já senti ódio mortal dele inúmeras vezes, mas na maior parte do tempo, só quero mesmo é que nossas vidas possam se cruzar mais e mais, porque até as brigas me fazem bem.
Mark - o tipo certo de cara errado.


Eu e Mark, 2008

Mesmo sem detalhar muito, está claro que vivi meus momentos da forma mais intensa possível, o que me faz voltar ao início da conversa... 

"Tudo que vejo, tudo que diz respeito ao meu passado me enche de alegria e nostalgia. Tanta coisa mudou... tantas pessoas se afastaram, outras tantas se foram para sempre... Mas e eu? Como saber o que eu fui aos olhos deles todos? E, o mais importante: por que me importo?
É difícil admitir que eles significaram mais para mim do que eu para eles. Não todos, mas certamente algumas pessoas ficarão no posto delas dentro do meu coração enquanto este ainda bater."
Não posso dizer que "passei por essa vida". Eu sei que vivi, me permiti isso e continuo a permitir.

Talvez isso me torne mais marcante. Não importa se é bom ou não. É inesquecível. 


As últimas três semanas foram muito interessantes.
Claro que, por respeito à privacidade alheia e à minha própria, não poderei falar muito sobre minha nova loucura, mas adianto que é das boas. Muito típica de mim e não fugindo às regras, virtual em toda sua magnitude. Uma nova experiencia, dentro do universo que já me é tão conhecido.
AE - acabou antes de começar, mas foi interessantíssimo.

E fora isso, continuo aguardando que o Michael volte, já estou com saudade, sei que precisamos colocar muita coisa em dia e não vejo a hora de acontecer! 

AE - Continuo encontrando o Michael uma ou duas vezes por ano. Semana que vem tem mais, oba!

Na última quinta-feira, me juntei à Gabi e ao Danyel para um jantar entre amigos. E foi outra noite memorável. Como todas as minhas empreitadas costumam ser. 

AE - Esse é outro encontro anual infalível. Estamos nos aprimorando - nas bebedeiras, piadas e gosto pra comida exótica. É isso que dá misturar alemão com turco e duas brasileiras insanas.


Sim, os tombos inevitavelmente são maiores. E esse é um risco que eu assumi anos atrás. Não me pergunte se vale a pena. Você já sabe a resposta. 


Eu, Danyel e Gabi durante a Itmex. Amigo alemão mais brasileiro 





Porque às vezes esquecer tudo é só o que precisamos, um pouco de tempo para perder só com as coisas e pessoas que amamos, só para reviver um vez mais o que nós já sentimos, só para colocar em prática a "vida". Num mundo onde todos estão sempre tão ocupados com dinheiro e progresso, é bom poder "perder tempo" com o que agora já não é mais tão trivial assim. 




Domingo extremamente preguiçoso, ensolarado e nostálgico.