quarta-feira, 21 de março de 2018

Masterchef, mastermind, master of the laughs

Primeiro, tomei um susto. Vim acompanhando nos últimos meses as postagens informativas de um GRANDE amigo a respeito do sócio dele que estava com câncer. 
"ELE SE FOI"
E me bateu uma culpa imensa por ter deixado que meu relacionamento conturbado me tirasse da companhia tão preciosa das pessoas que me fizeram tão feliz e completa ao longo dos anos. Os amigos, a família que soube (essa, sim) escolher.
Me permiti sair de mim, não me olhar mais no espelho, não refletir mais uma imagem agradável - mas não sei em que ponto isso tudo começou, ao menos, não exatamente.
Quando li esta curta e avassaladora frase, sabia que precisava ler todo o resto do texto que vinha logo a seguir "O QUE APRENDI NOS ÚLTIMOS MESES COM MEU AMIGO QUE PARTIU" (como de costume). Mas já com a decisão tomada: eu tinha que ver meu amigo.
Enquanto lia, meus olhos foram se inundando com as lágrimas. Precisei parar, sair da sala, secar cuidadosamente pra não virar um borrão só por causa do rímel, e novamente voltei os olhos para aquela verdade dilacerante.
Quero antes de qualquer coisa dizer que ao ler "sua doença, nossa cura" não se trata apenas de como o Bruno deixou sua marca na vida do meu amigo. Mas também sobre como isso me afetou e dividiu as águas de uma maneira linda e inesperada.
Ah, o Raphael! 
Eu ria até minha barriga doer, uma risada tão nossa, tão única. Sua experiência no mundo dos negócios me ensinou UMA LIÇÃO que talvez eu nunca tenha tido a oportunidade de mencionar: a resiliência é que é a chave para a vitória. Mas não sozinha. Ela e o foco precisam namorar sério, precisam realmente ter um relacionamento de amor, afeto, respeito mútuo e constante.
Ríamos muito no passado, mas eu sempre estava atenta a tudo que ele dizia. Acho que isso me manteve de certa forma "viva" para continuar a batalha. Para recomeçar do ZERO "sem reclamar".
O que agora me leva ao momento em que eu disse "preciso te dar um abraço", confesso que sem esperança dele dizer "claro, só se for agora".
Mas, mesmo cheio de compromissos, ele disse que SIM. 
E meu rosto imprimiu um sorriso imediato.
Passei o resto do dia contando os minutos para finalmente poder estar na companhia dele, até que a mensagem chegou: te pego às 20h30.
Nem deu tempo de nos olharmos, já estávamos rindo de novo. As mesmas piadas de antes de Cristo, e conseguíamos achar graça. Fui apresentada ao meu novo super amigo querido e em dez minutos, já tínhamos nossos próprios toques legais de melhores amigos.
Achei que ia tomar uma paulada, uma surra da verdade, mas a verdade é que a gente tomou tombos pra caramba nos últimos anos, e tomamos uma verdadeira surra de pau nos últimos meses, mas nós ainda estávamos bem vivos, resilientes e focados. E ainda éramos a piada um do outro, e do outro outro (não é um erro de português, não, é piada interna, mesmo).
Finalmente entendi que estava encerrando um ciclo. Com direito a um jantar digno de masterchef. Daqueles que você vai tomando vinho e contando histórias, depois já senta no chão, mesmo. Porque afinal de contas, a  casa é praticamente sua, tá em casa, tá tudo certo.
Nem vi a hora passar, só sei que me diverti do início ao fim, e mesmo contando as passagens mais tristes, não havia mais "peso" em nossa voz. 
A grande lição para mim sobre tudo isso: nossa amizade verdadeira, o distanciamento por minha culpa, nossas vidas pessoais e profissionais... É que temos já a nossa marca na vida do outro. E não tem como falar de mim sem falar dele. E acho que vice-versa. 
Encerro parafraseando seu próprio texto:
"Oscar é um prêmio para quem representa, mas você VIVEU, portanto ele é pequeno para você"
Graças aos céus, temos a oportunidade de VIVER e estar na vida daqueles que amamos e isso é tudo que mais importa no mundo. Não apenas fazer um papel, não apenas ter uma função, mas VIVER, de fato.
OBRIGADA por nunca, nunca ter desistido de mim.

P.S. Este é meu primeiro texto dos últimos DOIS ANOS.