quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Quando a saudade vem.

Você sabe dizer o motivo de sentir seu coração apertado, olhos molhados... Sempre que pensa no quanto era bom ter aquela pessoa por perto? Saudade, certo? É esse o nome?
As coisas ficam confusas dentro de nós às vezes. Eu sempre confundo alegria extrema com paixonite. Será que foi isso que eu fiz quando esse rosto que tanto gosto de olhar ressurgiu meses atras? Eu não sei!
Sei que houve uma tempestade.
E sei que ela depois me rendeu muitas páginas do que agora já posso oficialmente chamar de "livro". Ah, os frutos da imaginação quando o coração está batendo forte...
Essa enrolação toda era só pra dizer que hoje senti falta dele. Sim. Saudade. Essa palavra que só quem sente falta de algo como quem sente fome sabe descrever. Meu coração está colado nas costas. É o que dizem do estômago? Acho que serve. Onde quer que esteja... Que esteja bem.

Céus, às vezes você pode realmente fazer muita falta.

~
AM.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Nenhum sacrifício

"Lembro quando senti medo. Não um medo comum, como quando você sabe que tem uma prova importante e não faz ideia de como se sairá. Foi um medo real, gritante e assustador. Estava escrevendo, como de costume, e a informação veio. O gelo no estômago, que não se parecia em nada com as borboletas que constantemente interrompiam minha concentração, de repente se transformou num gigante. Queria saber o que dizer, queria ter uma piada pronta, ou qualquer frase de auto-ajuda que fizesse a informação menos difícil de ser digerida. Mas nada pareceu funcionar. Foi quando percebi que aquele coração alegre e tão cheio de vida poderia ser tirado de mim a qualquer momento. Todos já dissemos um dia que certas pessoas deveriam ser eternas. E todos já tivemos vontade de vender tudo para correr atrás de uma grande paixão. Essas sensações tão humanas e verdadeiras me ocorreram imediatamente. Embora ele estivesse cheio de esperança e com brilho nos olhos, soube que precisaria a partir de então aproveitar cada segundo, porque para sempre não existe no mundo real. Existem momentos – de alegria, tristeza, saudade, agonia e paz. Fiz minha voz ser ouvida de todas as formas, na ânsia de me certificar de ter sugado tudo que pude e expirado todo o meu amor. Perto ou longe de mim, ele seria amado e homenageado através da minha arte. A devoção é gratuita e não, não é nenhum sacrifício."
~LC

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Data: 16 de Maio de 2013.
Onde estou?
Bem, são 20:16hrs, estou em casa. Terminei a faxina e acabei de abrir uma saborosíssima Skol Beats – minha cerveja favorita.
Foi um dia puxado. TPM rolando solta, véspera do meu aniversário – um dia típico, só que hoje bateu uma tristeza absurda.
Cerca de um mês atrás, planejei o que faria no dia em que eu comemoraria 30 anos nesta terrinha.  Um a um, os planos foram por água abaixo.
Resolvi ficar aqui hoje, falando com(igo) você, enquanto as horas passam lentamente.
Então, vamos lá. Vou procurar algum livro que diga algo a respeito de como me sinto hoje, ao som de “Simpsons” (sim, o seriado).

“Aprendi que amar não significa estar junto, mas sim querer ver a pessoa feliz, mesmo que isso custe a sua felicidade.”

“Sim, vai ser difícil, mas o tempo passa rápido. Vamos nos reencontrar. Eu sei. Eu sinto.”

As duas frases são do livro “Meu Querido John”. Ambas expressam bem o tipo de amor que carrego em mim. E cá estou, divagando, viajando na maionese.
Praticar o desapego tem sido minha missão mais difícil desde sempre. Porque tenho essa mania de amar. Quando aprendo a nutrir esse sentimento por quem quer que seja, quase que imediatamente passo a sentir necessidade da pessoa.
Como lido com esse pequeno problema?
Nem eu sei. Às vezes acho que não lido. Não é sempre que consigo exercer total controle sobre tanto sentimento intenso. A grande vantagem de ser assim é que, embora eu sofra um pouco, sei que sempre deixei claro o real valor das pessoas em minha vida. Estou disponível quase o tempo todo – é difícil conseguir me fazer dizer um “não”.
Mas não quer dizer que seja algo ruim, afinal.
É isso.
Vou terminar com a página 39 do livro Maktub (Paulo Coelho):

“Diz o mestre:
Hoje seria bom fazer algo fora do comum.
Podemos, por exemplo, dançar na rua enquanto caminhamos para o trabalho. Olhar nos olhos de um desconhecido e falar de amor à primeira vista.
Dar ao chefe uma idéia que pode parecer ridícula, mas em que acreditamos.
Comprar um instrumento que sempre quisemos tocar, e nunca nos arriscamos.
Os guerreiros da luz se permitem esses dias.
Hoje podemos chorar algumas mágoas antigas que ainda estão presas à garganta. Telefonaremos para alguém com quem juramos nunca mais falar (mas de quem adoraríamos escutar um recado em nossa secretária eletrônica). Hoje qualquer falha será admitida e perdoada. Hoje é dia de se ter alegria na vida.”

Viu? Eu tento.


Ao som de Vocari Dei – Pain of Salvation.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Lembranças

E esse foi o presente de natal improvisado. Eu estava pra lá de empolgada :)

Queria vê-lo recuperado, feliz da vida e de volta ao meu mundo. Destas três coisas, só a terceira não aconteceu.

~ASM.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Essa saudade que eu sinto de tudo que ainda não vi.


"Relaxa, menina... Realmente, você escreve muitíssimo bem, diga-se de passagem. E, embora eu não tenha mesmo sido convidado, fiz algumas visitas ao seu cantinho."



Nada mudou em nós, mas você omitiu algumas coisas em relação aos seus sentimentos por mim. Que nada disso interfira em nossa cumplicidade, em nossos lados "fêmea e macho".




                      "Sinto saudade de nós, da forma fácil como nos entendíamos tão bem..."


"Você sempre será a Sun".


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Releituras - As primeiras longas conversas

"Era difícil não me lembrar do sorriso dele. E era difícil não sentir saudade do que tivemos. Penso que naqueles dias ele realmente precisou de mim, precisou da minha companhia, do que eu podia dizer para fazê-lo se sentir menos solitário. Acredito nisso porque embora minha memória não seja exatamente uma grande amiga, nos meus diários há anotações de cada ligação que ele fez para o meu número, há trechos de nossas conversas, detalhes de ambas as vidas, coisas que você só compartilha com alguém em quem realmente confia.
E depois eu soube por ele mesmo o que toda essa loucura representou:

“Foi a coisa mais louca que me aconteceu na época. Uma atração forte, misturada com um bem-estar, uma necessidade de estar ali, e, ao mesmo tempo, a frustração por eu estar tão longe... Mas você literalmente parecia um imã, que me puxava e me atraía com seus lindos olhos verdes, a voz que eu escutava até adormecer, meu porto seguro de todas as horas: boas, ruins e estressantes que passei na época... Ah, você, você, você... Passaria horas divagando... Foram tantas coisas, tantos acontecimentos... Mas você sabe disso tudo melhor do que qualquer pessoa... Arquivou tudo isso... Simples e espetacular como todo amanhecer com o Sol raiando no meu rosto toda manhã... e foi assim que surgiu o seu apelido...”


Talvez depois da minha grande loucura, ele tenha mesmo se assustado – foi um golpe inesperado. Mas não me arrependeria nunca de pelo menos ter me dado o presente de estar com alguém que amei (ainda que à distância) desde o início.
E você sabe se o que sente é amor quando é capaz de dizer adeus. Nós nunca o dissemos de fato, mas dentro do meu coração, nós nos despedimos com aquele último beijo ainda dentro do carro. Quando ele me disse “fica bem” pela última vez, foi como se dissesse “viva bem, você tem um mundo inteiro pra descobrir e essa é a minha vida agora. Adeus.”
Não vou dizer que não tentei encontrá-lo depois disso, pois estaria mentindo. Mas as fontes eram escassas, e o único amigo mais próximo me disse que era melhor deixá-lo em paz, que ele estava bem, estava casado e o mais importante: estava feliz. E eu não ia querer estragar nada disso, como quase fiz no passado.
Conheci outras pessoas, me apaixonei novamente e assim nossas vidas diferentes se seguiram."

~Ouvindo: Elton John - Your Song.
04:52pm




Releituras – O ópio necessário.

As pessoas não vão atrás da fé por livre e espontânea vontade. Cada um a seu momento faz essa busca por algo maior, sagrado. Os motivos podem variar, mas a necessidade de saber que existe uma força maior que nós mesmos dando sentido à existência grita em certo ponto de nossas vidas.
Foi pela necessidade de uma boa razão para esquecer que comecei a acreditar. Precisava começar de algum lugar. Eis o lugar – se conseguir aceitar que talvez esses anos não tivessem sido reais, que fui enganada, traída, que fui induzida a viver uma vida projetada, assim “talvez” eu seja capaz de deixar tudo no passado sem carregar o que sobrou em mim.
Um lado meu diz que eu deveria duvidar, questiona a veracidade de tudo que ouvi e possivelmente tenha aprendido a sentir ultimamente. A outra parte fecha o corpo e a alma, controla os impulsos, joga todas as lembranças no mar do esquecimento, não se vinga, mas consegue crer em tudo para começar a deixar de amar.
O problema é essa voz insistente, que às vezes ouço apenas dentro da mente, e em outras ocasiões, ouço de pessoas que fazem parte indiretamente da minha vida, que não vivem perto de mim, mas parecem me conhecer como se tivessem se criado ao meu lado.

Eu não gostaria de duvidar agora – preciso desse ópio. Na vida real, sei que já deixei muito mais coisas e pessoas para trás, a fim de ter um novo começo. E todos os meus novos começos foram plenos, intensos e, ao menos para mim, genuínos. Também me permiti amar as pessoas erradas, gostaria de ter me permitido aprender a amar outras, que me presentearam com lealdade e amor gratuito – quando estou só, sinto falta dessas pessoas, e me pego desejando que elas também sentissem a minha. Ser alguém de fácil convívio não necessariamente quer dizer que eu seja compreendida integralmente por todos. Alguns me acham uma completa idiota.
Só quem conhece bem a fundo minha história sabe que eu me mascarei inúmeras vezes para não deixar que me vissem chorando com o coração partido.
Costumo me curar sozinha, ali no centro da cama, no escuro, enrolada no cobertor. Sem música. Com a cabeça a milhão, calculando os erros em todas as possibilidades. Mas me curo. Choro uma semana, duas. E depois guardo as tristezas na gaveta e me preparo para qualquer boa notícia.
Também sinto necessidade do ópio e te desafio a me apresentar uma pessoa que se diga boa e auto-suficiente o bastante para lidar apenas com a realidade e não sentir que lhe falta algo.
Somos iguais em tantas coisas, mas não se trata apenas de mim e de você. A grande massa da humanidade se sente exatamente igual, porque somos mesmo psicologicamente bem similares. Escolhemos acreditar naquilo que parece mais viável, mais cômodo, até. O importante é que demos um jeito no vazio que deixaram em nós. Esse buraco negro que se alimenta de tudo aquilo que não conseguimos controlar – seja amor, saudade ou mesmo a raiva. 
Agora acho que é só ir até o fim desta estrada. A idéia é que basicamente ela nos leve para algum lugar diferente. Ou não.
Pode ser que paremos no ponto em que começamos, porque o mundo gira. E o girar do mundo não implica no fato dele ter que mudar. Pode mover-se momentaneamente de lugar, apenas. Tentemos evitar essa colisão com o passado. Pelo menos desta vez.

~Ouvindo: Oleta Adams, Get Here.
08:58am.



terça-feira, 19 de março de 2013

Uma declaração de amor sem fins lucrativos.


Cheguei vazia como se tivessem arrancado meu coração de mim ontem à noite. O corpo estava tão relaxado que eu podia jurar que me injetaram qualquer droga. Só que não. Era só um estado de paz que eu não sentia há muito tempo. E quando não se tem paz há muito tempo e depois se toca nela outra vez, é meio como estar dopado. Eu até tinha fome, mas pensava: Posso passar sem essa, a vontade de ficar aqui em silêncio é tão grande, tão intensa. Eu ficaria estática daquele jeito por horas. E então comecei a olhar umas fotos – algumas recentes e outras de dez anos atrás.
E meu espírito novamente se encheu de paz. Porque eu entendi algumas coisas que tinham ficado nubladas por anos. Eu estava ali, deitada em minha cama, olhando para um sorriso que por anos foi a razão da minha insônia e não havia lágrimas. Eu fiquei imaginando o quanto isso me fez falta, e quão abençoada sou, porque alguém lá do andar de cima resolveu me dar mais uma chance. E ontem de manhã, com o dia começando, enquanto ia até a padaria, eu disse “Todos nós merecemos uma segunda chance... a vida às vezes não nos dá essa oportunidade, mas quando dá, também cabe a nós tomar a decisão certa – a decisão de aproveitá-la”.
Muita sabedoria para uma manhã qualquer.
Mas quando algo está para acontecer – ainda que seja apenas uma grande verdade a ser revelada, acredito que nosso coração possa sentir. E de alguma forma, essa mensagem é transmitida ao cérebro e então, nossa boca nos surpreende. É uma mágica.
Ontem, por alguns minutos, pude experimentar não sentir absolutamente nada: nem dor, nem mágoa, nem tristeza. Apenas a paz de um coração desprovido de qualquer dúvida.
Só então me fiz a seguinte pergunta: quanto tempo temos? E o que estou fazendo com esse tempo que me foi dado? Este brinde, esta segunda chance, tão rara. Tenho o direito de ficar confusa, eu sei. Tenho o direito ao grito, se isso ajudar. Tenho o direito de sair correndo quando me sentir assustada. Tenho o direito de fechar os olhos se por acaso a imagem diante de mim não me fizer sentir bem. Conheço os meus direitos e faço uso deles. Mas dos direitos que possuo, o de voltar é o mais valioso. Ter o direito de voltar.
E eu voltei, desengonçada como só eu. Mas voltei.
No caminho de volta, passei por todos os lugares que havia deixado para trás. Tranquei portas: essas, eu não pretendo abrir mais. Apenas observei de longe uma última vez. E continuei meu caminho, chegando ao destino: uma casinha pequena, bem simples, ainda inacabada. A mocinha veio me receber com rosas – lindas e perfumadas. Foi ela quem contou sobre a dádiva da segunda chance. Pediu-me para aproveitar esse presente. Ele é meu. Algumas coisas ficaram inacabadas em minha vida, mas este presente não ficará. O que eu tenho que fazer? Como aproveitá-lo?
Ame.
Apenas ame. Cuide com carinho. O presente é seu, porém, por tempo determinado. Tem prazo de validade. Aproveite e dê o seu melhor agora. Hoje. Nesta noite. Seu presente não deve lhe machucar, e nem você a ele. Portanto, daqui pra frente, só o melhor. Fique com o lado bom. Não tem que ser um fardo carregá-lo. Carregue-o em você com alegria, pois logo será apenas uma lembrança. Que a lembrança seja boa.
Esse já era o fim da linha. Com um abraço forte nos despedimos e eu fui para casa. Sem lágrimas. Sem dor alguma. Em paz.
Esqueci a resposta para quanto tempo temos. Que seja a menor das minhas preocupações. Só quero dedicar parte do meu pensamento, parte do meu coração a esse incrível presente. Quero que ele saiba que meu amor não tem nome, cor, tamanho e não pede absolutamente nada. Meu amor é pura gratidão, a quem o tenha me dado e ao próprio presente em si, porque em seu momento de livre-arbítrio, escolheu se voltar a mim.
Ao meu presente, fica aqui minha declaração de amor sem fins lucrativos: você tem meu amor, minha lealdade, minha amizade, meu pensamento e parte de meu espírito, onde quer que vá, em qualquer tempo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Isto é apenas um teste

E então você descobre uma ferramenta que aniquila com suas ilusões de ter sido compreendida através das coisas que escreve a respeito de si mesmo. 
Pelo simples fato de que as visualizações são rastreadas por sistema operacional e país. Ah, que pena.

Mas você, que por alguma razão acabou parando aqui e teve a curiosidade de ler qualquer coisa, por gentileza, deixe um comentário, um oi já serve. É apenas um teste. Eu quero saber se você me leu.

Obrigada. 

Hoje fui visitar o túmulo da minha avó, falecida em 25 de Dezembro de 2006. Precisei de mais do que coragem. Devo ter prometido a mim mesma que jamais iria lá um milhão de vezes, mas cansei de ouvir que tenho que deixá-la ir em paz. Decidi que diria adeus - uma conversa franca, só eu e ela. 

Assim, pedi à minha família que me deixasse ali com ela sozinha um pouco. O sol estava em seu ponto mais alto, o mármore quase queimava ao contato com a pele, mas insisti e permaneci sentada sobre seu túmulo. Primeiro chorei o que precisava chorar. E parece que eu tinha muito o que chorar. Fiquei tímida, não sabia como começar uma conversa com alguém que amo tanto depois de sete anos. Era estranho, mas precisava exercitar a minha fé de que ela podia me ouvir naquele momento. Não sei se algum dia terei algo assim com a minha mãe. Mas com a vovó, eu sempre tive. Éramos amigas, comparsas, éramos feito unha e carne. Eu não queria imaginar um mundo em que ela não existisse - isso era pior que a própria morte, até que a morte finalmente chegou e a tomou de mim abruptamente, numa manhã de Natal que ficou gravada pra sempre, me lembrando de que se antes havia algum motivo para comemorar - e havia, pois ela também nasceu em 25 de Dezembro - agora já não há mais.

O problema é que com a morte dela, nossa ligação com a família meio que esfriou. Da minha parte, foi por puro medo de encarar os lugares que ela ia, as pessoas que ela via, as cidades que ela costumava visitar. Eu simplesmente não queria passar perto de qualquer coisa que me fizesse lembrar. Mas essa é a família que ela tanto amava. Claramente havia algo de muito errado que precisava ser resolvido. Entendi que esse deveria ser então o primeiro passo. A última vez que estive na casa da minha tia avó foi justamente no dia do enterro da vovó. E eu sempre amei demais as duas. Aliás, elas pareciam gêmeas - física e psicologicamente falando.

Comecei dizendo que era difícil estar ali, e de fato, a sensação de vazio parece te dominar por completo. Mas aos poucos, meu monólogo começou a fluir e expliquei o motivo de ter ido até lá, as razões de ter ficado tanto tempo sem fazer uma visita sequer... E terminei dizendo que iria voltar - não porque teria que me despedir de novo e de novo, mas apenas porque ela sempre me falou daquele cemitério como sendo um lugar de descanso das pessoas que ela mais amou na vida, e que era onde ela gostaria de poder descansar. Ela tinha muito respeito por todos ali. E eu devo esse mesmo respeito à ela. 

O caminho para se chegar no cemitério é lindo. Uma estradinha cercada de árvores que dão flores o ano todo, aquela sombra bonita fazendo desenhos no capô do carro, a distância em si - você tem que fazer uma pequena viagem de uns quarenta minutos para chegar até lá. Passamos por sítios, pelos cruzeiros, pelos pequenos botecos rurais, e, finalmente, a estradinha de paralelepípedo que dá acesso ao cemitério. 

Todo o percurso meio que te prepara espiritualmente para o que você verá depois. E, depois, o silêncio é ensurdecedor. 

Não foi triste, foi apenas pesado. Difícil. A saudade parece ganhar forma. É estranho. Mas eu fui. Fotografei  a lápide. Eu quero me lembrar dessa imagem, porque era exatamente assim que ela sempre me disse que queria poder descansar no fim.

De cima para baixo: minha avó, Natalina Coleto. Meus bisavôs, Florinda e  Cesare Coleto, meu avô Antonio Coleto e meu primo, Mauro Cezar Coleto.