"Lembro quando senti medo. Não um medo comum, como quando você
sabe que tem uma prova importante e não faz ideia de como se sairá. Foi um medo
real, gritante e assustador. Estava escrevendo, como de costume, e a informação
veio. O gelo no estômago, que não se parecia em nada com as borboletas que
constantemente interrompiam minha concentração, de repente se transformou num
gigante. Queria saber o que dizer, queria ter uma piada pronta, ou qualquer frase
de auto-ajuda que fizesse a informação menos difícil de ser digerida. Mas nada
pareceu funcionar. Foi quando percebi que aquele coração alegre e tão cheio de
vida poderia ser tirado de mim a qualquer momento. Todos já dissemos um dia que
certas pessoas deveriam ser eternas. E todos já tivemos vontade de vender tudo
para correr atrás de uma grande paixão. Essas sensações tão humanas e
verdadeiras me ocorreram imediatamente. Embora ele estivesse cheio de esperança
e com brilho nos olhos, soube que precisaria a partir de então aproveitar cada
segundo, porque para sempre não existe no mundo real. Existem momentos – de alegria,
tristeza, saudade, agonia e paz. Fiz minha voz ser ouvida de todas as formas,
na ânsia de me certificar de ter sugado tudo que pude e expirado todo o meu
amor. Perto ou longe de mim, ele seria amado e homenageado através da minha
arte. A devoção é gratuita e não, não é nenhum sacrifício."
~LC